sexta-feira, 2 de julho de 2010

Um choque de humildade: quem se habilita?

 

Um choque de humildade: quem se habilita?

Por Judson Canto
O pastor Geremias do Couto acabou de publicar Uma campanha para mudar a igreja. Acontece que tive uma ideia muito parecida, e, para não tornar vão o esforço que impus aos meus dezessete neurônios, vou publicar o artigo assim mesmo. Algumas sugestões são quase idênticas. Talvez a diferença principal esteja na perspectiva: enquanto o artigo dele parece refletir a detecção de problemas estruturais profundos nas Assembleias de Deus, tarefa para a qual sem dúvida ele é mais qualificado, a matéria que publico aqui brotou da convicção de que o maior problema da liderança assembleiana hoje é a humildade, melhor dizendo, a falta dela.
Alguns de nossos líderes parecem achar que já se instalaram “acima das estrelas de Deus”, enquanto outros, nos estratos inferiores, fazem de tudo para chegar lá. E esse mal não é exclusividade de membros de convenções e pastores-presidentes. Faça o teste nos departamentos de sua igreja, mesmo aqueles considerados os mais espirituais, e entenderá o que quero dizer. Na verdade, basta ler abaixo as propostas referentes a eles para perceber como é difícil o desafio — e como é necessário o choque de humildade proposto aqui. O que sugiro, portanto, é uma abstinência de vaidade pelo período de pelo menos um ano.
Não tendo o mesmo prestígio do meu amigo Geremias nos currais da denominação, emito este fraco balido à guisa de complemento, na esperança de que ainda haja pastores preocupados com o rebanho a ponto de encarar o desafio.
Os pastores e demais líderes não vão mais comemorar aniversário na igreja. Além de tomar um tempo que poderia ser usado para coisas mais edificantes e quase matar o povo de tédio, cada vez mais esses festejos têm servido a propósitos políticos dentro da denominação, em todos os níveis. Parece que todo pastor hoje quer aparecer no blog do presidente da CGADB.
Banir os políticos do púlpito e nem pensar em aceitar promessas, favores ou facilitações naquelas reuniões de gabinete, onde o comportamento de certos pastores faria corar a quadrilha do mensalão. Em vez disso, devem denunciar os corruptores.
Não mencionar no púlpito, no blog, onde for, o nome de uma sigla sequer. No máximo, o nome da denominação. O choque de humildade visa, entre outras medidas, combater o “orgulho convencional”. Percebo que alguns pastores, embora inconformados com a politicagem denominacional, não abrem mão de ter uma sigla acoplada ao nome. Já vi até adolescente se identificando pela convenção regional. Minha conclusão é que, se a política não for esquecida por um tempo, esses hábitos continuarão alimentando as vaidades que esta proposta pretende combater.
Já que desejamos tanto a unidade da denominação, a igreja deve ser identificada apenas pelo nome Assembleia de Deus. Portanto, quem aceitar o desafio deve tirar da placa da igreja o nome do pastor-presidente, do ministério e da convenção a que a igreja pertence. (Essa eu quero ver.)
Nenhum departamento realizará festas de aniversário, nem confraternizações, nem pré-confraternizações. (Quem inventou essas “prés”, meu Deus? Preciso escrever um artigo esculachando.) Cada um vai se limitar a exercer o seu ministério sem pensar em autopromoção, pessoal ou coletiva, e se alegrar com os resultados, que com certeza serão melhores.
Como exemplo, vou dar a receita do choque de humildade para o círculo de oração (surpresa!). Sugiro que as amadas irmãs se limitem a orar e que, para fazer jus ao nome, assumam uma boa carga de oração, não uma reuniãozinha semanal que ainda tem de dar espaço para o ensaio dos hinos. Por falar nisso, nada de desfilar garbosamente pelos corredores da igreja no domingo, empunhando aqueles caderninhos encapados e ainda ocupando lugar especial para cantar hinos da Cassiane. O círculo de oração deve tão somente orar. Ah, e nem preciso dizer que devem aposentar os uniformes. (Não falei que injetar humildade nos departamentos ia ser difícil?)
Nenhum pregador ou cantor profissional será convidado para animar festas, pois não haverá festas, lembra-se? Aproveite para incentivar os valores locais. Um único cachê de cantor pode pagar o teclado que a orquestra está precisando, os recursos didáticos para a classe de escola dominical das crianças ou a reforma daquele banheiro malcheiroso. Por que não direcionar os recursos das festas para criar, por exemplo, uma escola de homilética gratuita para jovens promissores?  Alguém já fez a conta de quanto dinheiro escoam dos cofres da igreja para as dezenas de eventos inúteis realizados anos após ano?
Caso a igreja tenha deficiência no ensino, ela pode convidar um ensinador. Sim, é uma revolução: o povo se reunirá num culto ou numa série de reuniões com o único propósito de aprender a Palavra de Deus. O tema do estudo bíblico será decidido conforme a necessidade da igreja (um pastor que se importa com o rebanho deve saber do que ela está precisando). A igreja não pagará cachê, mas cobrirá as despesas e dará ao convidado uma oferta condizente com a dignidade desse ministério. Pode-se com isso até fomentar uma nova geração de ensinadores.
Como se pode ver, são medidas simples, mas não digo que sejam fáceis. Então, repito a pergunta do título: quem se habilita?

4 comentários:

  1. Olá Moyses,
    fico feliz em saber que ainda há espalhados pelo Brasil pessoas com a chama do evangelho do Reino de Deus, gostei muito do conteúdo das suas postagens e também o modo como você enxerga algumas coisas no Reino.

    Tomei a liberdade de lincar seu blog na minha página de blogs favoritos, assim todos que estiveram andando pelo meu blog também verão as atualizações do seu.

    Fica na paz e que Deus continue te usando!

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  2. Grandes medidas irmão, creio que todas as denominações necessitam, em maior ou menor escala. Certamente provocarão um choque de humildade, alguns ficarão descontentes mas haverá uma recondução aos princípios bíblicos que devem reger a vida da Igreja local. Abraços, Deus abençoe.

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  3. Eu deixei um comentário na postagem orinal no Blog do Pr. Judson Canto, exprimi minha alegria pelo post, e ao mesmo tempo dividi minhas "preocupações" quanto ao número de igrejas e ou líderes que aceitarão tal "Choque", ao que ele me respondeu que se pelo menos uma pessoa crer, ele já ficará satisfeito, e creio que muito mais pessoas refletirão sobre essa posição...
    Que Deus abra os olhos do entendimento das pessoas ao lerem tal texto...

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  4. Wendel, agradeço seu comentário, e fico contente por estar gostando dos textos; os textos seus que já li são ao melhor estilo "Bíblia Pura", também estou colocando seu blog nos "Blogs que sempre leio"...
    Forte Abraço...

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Irmão (ã), mano (a), leitor (a)!!!

Traga uma palavra para nós, se fosse uma tribuna e um púlpito aposto que você traria!?

Se não tiver um blog, pode usar a sua conta do google, a mesma usada para acessar o orkut, até sua foto vai aparecer e ficaremos te conhecendo ok, no mais.
Nem sempre os posts aqui são de minha autoria e refletem a minha opinião, de qualquer forma pode e deve deixar a sua;

Comente a vontade, mas não a primeira coisa que vier à mente, seja corente faça primeiro uma análise imparcial do texto. Faça uma análise e não uma "asnálise*".

Dicionário Liberdade em Cristo:
O Asterisco*

Asnalisar = Provém de “Asnálise”, que acontece quando ao se deparar com um texto que é contrário a nossa opinião, se lê e asnaliza mal e porcamente, contextualizando a leitura sem exegese bíblica apurada e imediatamente apelando para versículos isolados e que somente afirmam o que pelo tal leitor já é conhecido como doutrina sendo um grande e exaustivo exemplo o:
Não se toca no “ungido de Deus” Então se faz uma “asnálise” uma análise com a mentalidade de um asno...

Boa análise! Ou asnálise? Você é quem sabe...

Ah mais uma coisa não mais publicarei comentários de anônimos, querendo que sua crítica (99% dos anônimos, criticam e sugerem)seja publicada, não se esconda atrás do anonimato,como já disse use sua conta do orkut (google), afinal quem não tem uma hoje em dia, mas caso não tenha, coloque seu nome e sobrenome, mas comente e faça este velho blogueiro feliz...